Na série “Becoming Karl Lagerfeld”, o ícone da moda, é interpretado pelo ator Daniel Brühl, um astro da Marvel. Essa cinebiografia é apenas uma entre várias séries e diversos filmes recentes em que um nome conhecido do cinema encarna nas telas uma figura histórica.
Com um pijama de seda com estampa de Pierrot e uma blusa de babados, Karl Lagerfeld está sentado sobre uma cama de seda vermelha, com uma barra de chocolate na boca. Ouvimos sua voz no trailer de Becoming Karl Lagerfeld: “Estou cansado de ninguém me levar a sério”. O drama, de seis episódios, acompanha o superestar da moda aos 38 anos — um estilista de prêt-à-porter relativamente desconhecido, que encontra seu caminho e sua assinatura característica em meio a paixões e disputas ardentes.A Produção é tão suntuosa quanto a vida do estilista
O ator alemão-catalão Daniel Brühl foi elogiado no lançamento da série no Festival de Cannes, onde um animado desfile de moda antes da apresentação do primeiro episódio entusiasmou o público. Além do leque, do rabo de cavalo, das luvas e dos óculos escuros, Brühl capta o caráter de Lagerfeld: ambicioso, sarcástico, tão autoconfiante quanto desajeitado. A visão de Lagerfeld, maior do que a vida, reflete-se no valor da produção da série, com 3 mil figurinos, 2.200 figurantes e mais de 40 cenários — tudo encenado em Paris, Mônaco e na Roma dos loucos anos 1970.Perspicaz, eloquente, engraçado, encantador
Lembranças de Daniel Brühl do estilista
Nesta série, “eu quis romper esse escudo e descobrir quem era a pessoa”, diz Brühl. Perspicaz, eloquente, engraçado e encantador — essas são as lembranças que o ator tem do estilista. Brühl tentou compreender o que chamou de estilo de vida contraditório de Lagerfeld e suas adulterações biográficas através da leitura de biografias e entrevistas com o estilista e de conversas com pessoas que conheceram Lagerfeld quando ele vivia em Paris.
Cinebiografias: um negócio em expansão
Em uma boa cinebiografia, interessa menos a verdade ou uma narrativa exata da vida da pessoa retratada e mais um bom roteiro e a ligação entre uma personalidade fascinante e enigmática e a curiosidade por personagens fortes por parte de quem assiste. O público sente-se atraído por figuras não conformistas e deseja desvendar os segredos da fama e do sucesso.A representação na cinebiografia com “estrelas interpretando estrelas” tem um caráter de atração dupla (também para os setores de marketing): a escolha sublinha sempre a semelhança física, bem como a capacidade de transformação de quem interpreta, convidando o público a explorar as linhas de conexão entre ator/atriz e personalidade real. Cinebiografias de artistas por artistas são o auge da (auto)representação, contendo a receita para a fama e a fortuna e, portanto, se encaixando perfeitamente em nossa era de influencers.
Bem perto das estrelas
Para quem não se cansa do gênero cinebiografias e está querendo se inspirar por histórias de gênios, não faltam ofertas: Timothée Chalamet como Bob Dylan, Kingsley Ben-Adir como Bob Marley, Tom Holland como Fred Astaire, Billy Porter como James Baldwin, Jeremy Allen White como Bruce Springsteen e Angelina Jolie como Maria Callas — esta última em um dos raros retratos de artistas mulheres. Talvez a raiz do interesse renovado por filmes biográficos de celebridades esteja no “tornar-se” — o momento de metamorfose propício à mídia social, o momento no qual alguém se destaca, faz sucesso, ganha fama. O público sente que pode compartilhar daquele sonho e estar perto de alguém com carisma invejável, eventualmente até mesmo se colocando na pele de seu ídolo.De Elvis a Amy Winehouse, o que há em comum entre as pessoas retratadas nas cinebiografias, por meio de lutas e mudanças, é que elas deixaram rastros, mudaram seus contextos e continuam a ser assunto de debate: controversas, heroicas — e com frequência as duas coisas. As emoções ficam à flor da pele: amores apaixonados, festas loucas, ciúme avassalador, ambição feroz, egomania destrutiva, decisões corajosas contra a maré e desprezo das convenções de gênero ou de outros papéis sociais impostos.
Kruger encontra Dietrich
Muito disso se aplica a Marlene Dietrich, que será interpretada por Diane Kruger em uma minissérie de cinco episódios intitulada Marlene Dietrich — uma mulher na guerra, mais um caso de estrela encarna estrela. Kruger, ex-modelo e atriz, procurou o diretor Fatih Akin, que levou recentemente às telas a vida do rapper Xatar em Rheingold, para retratar a vida de Dietrich nas telas como artista e emigrante alemã. Após o longa de ficção Amrum, também uma colaboração entre Akin e Kruger, que está sendo filmado em 2024 e será lançado em setembro de 2025, o projeto Dietrich está em desenvolvimento: o roteiro já foi escrito.No segundo episódio de Becoming Karl Lagerfeld, a Marlene Dietrich de 70 anos faz uma aparição, interpretada por Sunnyi Melles (Triângulo da tristeza). Nessas alturas, Daniel Brühl encontrou a foto que Karl Lagerfeld tirou dele há 20 anos — um astro fotografando outro, ou seja, dois sempre é melhor do que um.
Seis episódios de aprox. 45 minutos cada
País de produção: França
Direção: Jérôme Salle, Audrey Estrougo
Roteiro: Isaure Pisani-Ferry, Dominique Baumard, Jennifer Have, Nathalie Hertzberg
Elenco: Daniel Brühl, Théodore Pellerin, Arnaud Valois, Alex Lutz, Agnès Jaoui, Lisa Kreuzer
País de produção: França
Direção: Jérôme Salle, Audrey Estrougo
Roteiro: Isaure Pisani-Ferry, Dominique Baumard, Jennifer Have, Nathalie Hertzberg
Elenco: Daniel Brühl, Théodore Pellerin, Arnaud Valois, Alex Lutz, Agnès Jaoui, Lisa Kreuzer
Novembro de 2024