Você sabia...?  Dez fatos sobre
Alexander von Humboldt

Vulcan Chimborazo David Torres Costales, Wikimedia, CC-SA-3.0

Em 2019, celebramos os 250 anos de nascimento do naturalista alemão Alexander von Humboldt. Nesta ocasião, reunimos os fatos mais importantes de sua biografia e a seu respeito.

Pintura de Joseph Stieler, 1843 Pintura de Joseph Stieler, 1843 | Wikimedia, Public Domain
Filho de boa família
Para os padrões daquela época, Alexander von Humboldt viveu muito. Ele morreu solteiro no ano de 1859, aos 89 anos, em Berlim, sua cidade natal. Nascido em 1769, era o segundo filho de uma família prussiana fiel ao rei. O então futuro rei Frederico Guilherme II da Prússia era um dos padrinhos de Alexander, cujo pai era um oficial prussiano e a mãe, descendente de uma família de huguenotes (ela havia trazido um filho de seu primeiro c asamento). Nesse ambiente abastado, os irmãos foram criados para se tornarem burgueses bem - educados – a base de seu impulso como pesquisadores. Pois não apenas Alexander se tornou famoso. Seu irmão Wilhelm foi um dos cientistas mais importantes da Alemanha nas ciências humanas e da educação.


Estações importantes
Nascido em Berlim, Alexander von Humboldt estudou em Frankfurt do Oder e trabalhou como assessor em uma mina estatal na condição de funcionário público. Até 1796, nada indicava que ele viria a ser apontado por seus contemporâneos como o homem mais conhecido do mundo depois de Napoleão. Foi quando se demitiu do serviço público – depois de receber uma herança – e passou a se dedicar exclusivamente à pesquisa. Entre 1799 e 1804, Humbold t viajou pela América Latina, tendo participado de três grandes expedições, entre elas a escalada do vulcão Chimborazo (6.310 metros). De volta à Europa, viveu em Paris e Berlim. Em 1829, viajou durante muitos meses pela Rússia até retornar, enfim, à Prúss ia tanto como cientista quanto, temporariamente, como diplomata a serviço do rei.

Pintura de Friedrich Georg Weitsch, 1806 Pintura de Friedrich Georg Weitsch, 1806 | Wikimedia, Public Domain
Contemporâneos
Alexander von Humboldt veio ao mundo em 1769, um tempo iluminado pelo Esclarecimento. Invenções e descobertas marcaram o fim do século 18 e o início do 19. Er uditos como Immanuel Kant, Arthur Schopenhauer, Johann Wolfgang von Goethe e Friedrich Schiller foram contemporâneos de Humboldt. Carl Friedrich Gauss contribuiu para o desenvolvimento da física e Alessandro Volta e Michael Faraday deram sequência aos estu dos sobre a eletricidade. O inglês Charles Darwin investigou a origem biológica do ser humano, enquanto o francês Louis Pasteur criou os princípios da microbiologia. A cultura dessa época também viria a marcar nosso mundo até hoje: as obras de Wolfgang Ama deus Mozart e Ludwig van Beethoven provêm igualmente desses tempos progressistas.


Humboldt e Goethe: naturalistas que se encontram 
Quando se fala em Johann Wolfgang von Goethe, pensa - se em poes ia, no Sofrimento do jovem Werther – ou no Instituto Goethe. Mas não em pesquisas na área de ciências naturais . Goethe, contudo, foi um naturalista entusiasmado – e por isso amigo de Humboldt, que era dez anos mais jovem. Os dois se conheceram em 1794, na cidade de Jena, através de Wilhelm, irmão de Alexander. Naquela época, Humboldt ainda inspecionava minas de exploração de metais. E Goethe já era o poeta mais conhecido da Alemanha, sentindo - se inspirado pela versatilidade de Humboldt. A inspiração era, contudo, recíproca: Humboldt aprendeu com Goethe a se debruçar sobre a natureza não apenas através de seus instrumentos, mas a entendê - la de maneira emocional.

Friedrich Schiller com Wilhelm e Alexander von Humboldt e Johann Wolfgang von   Goethe no   jardim  de Schiller em Jena Friedrich Schiller com Wilhelm e Alexander von Humboldt e Johann Wolfgang von Goethe no jardim de Schiller em Jena | Wikimedia, Public Domain
Erudito universal
Ao contrário de seu irmão, que se dedicava mais às Ciências Humanas, Humboldt demonstrava grande interesse, desde jovem, pelas Ciências Naturais, especialmente por botânica, mas também por geologia, física, oceanografia. Ele era um erudito universal notável, que via a Terra como um todo coeso. Foi ele quem descobriu as zonas climáticas, fez uso de uma ampla gama de instrumentos modernos d e medição e se empenhou pelo fim da escravatura. Para Humboldt, a natureza precisava ser vivida e sentida. E isso em uma época na qual outros cientistas tendiam mais a procurar por leis universais. Uma de suas metas era: todos os seres humanos deveriam ama r a natureza como ele próprio amava.


Humboldt como patrono
Animais, plantas, rios, montanhas, asteroides – não são raros os que levam o nome de Alexander von Humboldt. O pesquisador inspirou tanto a denominação do famoso pinguim Humboldt, quanto da gigantesca corrente de Humboldt e da quase desconhecida levedura Pichia humboldtii . Um total de 19 tipos de animais, 17 plantas, duas geleiras, oito montanhas e serras, um rio, dois asteroides, um mar lunar, uma cratera lunar, um aeroporto e incontáveis escolas levam seu nome. Além disso, a renomada Universidade Humboldt de Berlim tem esse nome em homenagem a Alexander e seu irmão Wilhelm.

Recebeu o nome do naturalista: o pinguim Humboldt (Spheniscus humboldti), supostamente observado pelo cientista no território hoje pertencente ao Peru Recebeu o nome do naturalista: o pinguim Humboldt (Spheniscus humboldti), supostamente observado pelo cientista no território hoje pertencente ao Peru | Wikimedia, GNU Free Documentation License
Humboldt e a América Latina
Na América Latina, Humboldt não é apenas respeitado como também ve nerado, muitas vezes como herói do povo. Verdadeiro humanista, ele demonstrava de fato apreço por qualquer pessoa, independentemente de origem e aparência. Além disso, algumas das condições de vida na América Latina naquela época o deixavam chocado. Sendo assessor de minas por formação, ele desceu algumas delas também na América Latina, até as camadas mais profundas. E aquilo que viu o deixou indignado, sobretudo na Nova Espanha, hoje território mexicano. As condições atrozes nas quais os indígenas trabalh avam naquela época eram para ele inaceitáveis. No México, Humboldt é, por isso, considerado parte do movimento de independência e um dos fundadores do país. Em Cuba, por sua vez, ele continua sendo venerado em função de seu empenho contra a escravatura. E na Venezuela seu nome é até hoje conhecido entre os camponeses da etnia dos Chaima por ter atuado na época contra a Igreja católica e seus métodos opressores.

Humboldt und Forscherfreund Aimé Bonpland vor dem Chimborazo Humboldt con su amigo investigador Aimé Bonpland frente al Chimborazo | Wikimedia, Public Domain
A montanha
Humboldt percorreu milhares de quilô metros em sua vida, mas determinados 5.907 metros ficaram especialmente gravados em sua memória, graças à escalada do Chimborazo que, com seus 6.310 metros de altitude, era então considerado a montanha mais alta do mundo. Com parcos equipamentos, Humboldt e seus companheiros saíram, no ano de 1802, rumo ao topo do vulcão inativo localizado no atual território do Equador. Ao atingir em 5.400 metros, manifestou - se a anoxia. Os escaladores sangravam e tinham vertigens, mas mesmo assim continuaram. A uma altitude 3031 toesas (5.917 metros), foram obrigados a parar – uma fenda impedia que continuassem. Mas por que Humboldt escalou essa montanha? Ele queria provar que as características da superfície terrestre se devem a uma enorme potência de fogo existente no interior do planeta. As rochas nas proximidades do topo confirmaram sua suposição: ela lembravam carvão. A excursão audaz pela montanha não tinha por finalidade contribuir para sua fama de escalador, e sim para as pesquisas sobre a natureza. Humboldt j amais se esqueceu d essa tortura . Pouco antes de sua morte, em 1859, ele posou para um retrato em Berlim – com o Chimborazo ao fundo.

Vulcão Chimborazo no atual território do Equador Vulcão Chimborazo no atual território do Equador | David Torres Costales, Wikimedia, CC-SA-3.0
O grande comunicador
O que era preciso fazer quando se queria dividir um saber antes da invenção da Wikipédia? Como fundar uma rede internacional sem o Facebook? Escrevendo cartas. Muitas cartas. Pelo menos foi o que fez Alexander von Humboldt, escrevendo em torno de 50 mil cartas. Ou seja, uma média de duas por dia de vida. Dessa forma, ele trocava informações com outros cien tistas, documentava seus próprios resultados e dividia suas pesquisas – 200 anos antes da atual sharing economy . Com base em aproximadamente 13 mil cartas conservadas até agora, é possível calcular a amplitude dessa rede em aproximadamente 2500 remetentes e destinatários.

Cosmos
Tudo está interligado. Mas o que isso significa e o que tem a ver com Humboldt? Ele foi o primeiro a documentar as zonas climáticas e de vegetação do mundo. E provou também que, em uma determinada altitude nas montanhas, a vegetação é semelhante em todo o mundo. Foi ele também quem demonstrou que há zonas climáticas, onde elas estão localizadas e como influem no crescimento da vegetação. Humboldt reconheceu que o clima passa por mudança s em função da ação do homem, do desmatamento, da irrigação artificial e da emissão de gases e calor nos centros industriais. Em sua obra mais influente, Cosmos, um esboço da descrição física do universo (1845 - 1862), de quatro volumes, Alexander von Humbol dt resumiu suas evidências científicas com a ajuda de diversos outros especialistas.

A historiadora norte - americana Andrea Wulf analisou a obra do pesquisador e concluiu assim em uma entrevista à revista alemã Stern : “Humboldt foi o primeiro ambientalista do nosso planeta. O pai do movimento ambientalista. O homem que descobriu que o ser humano pode modificar o clima”.

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