O projeto de intervenções artísticas no muro do Goethe-Institut Porto Alegre iniciou em maio de 2018 e desde então ocorre de forma periódica, com diferentes artistas, temáticas e técnicas. A ideia é levar as reflexões e provocações artísticas para o espaço urbano, onde a arte, em contato com o público passante, tem o potencial de gerar diversas reações e reflexões.
Grafite, pintura, lambes, fotografias e gravuras são algumas das linguagens que já estiveram presentes de diferentes formas em trabalhos no muro do Goethe. Aqui, você conhece mais sobre o projeto atual no muro e acessa também a retrospectiva dos artistas e suas obras que já passaram pela fachada do Instituto.
AKTUELLES PROJEKT: BRUNO ORTIZ
“IMIGRANTES” A imigração foi um movimento fundamental para a constituição da pluralidade cultural existente no território que hoje chamamos de Brasil. Nesse movimento incessante, e por vezes compulsório, as motivações foram diversas: povos do tronco Tupi, originários do território de Pindorama, buscaram a Terra sem Males; europeus em busca de riqueza, um caminho para as índias ou para o Eldorado; enquanto nações e povos africanos como bantus, nagôs, jêjes, hauçás, malês eram sequestrados, escravizados e transladados. O Brasil surge como território de exploração de riquezas naturais e humanas e com ele também o brasileiro.
No século XIX, fugindo das guerras de unificação nacionalistas, imigrantes alemães e italianos vieram para “construir” uma nação já edificada pela mão-de-obra negra, em épocas de pensamento eugenista. Superada a naturalização dessa ideia hierarquizante da humanidade, orientais nipônicos, árabes e, mais recentemente, haitianos, venezuelanos, senegaleses, entre tantos outros, trouxeram sua residência, resistência e coração para o Brasil. Enquanto as cores trazidas pelas múltiplas culturas enriqueciam a vida, o país transformava essa paleta infinita em uma obra inacabada, de composição desigual e harmonia questionável. Deliberadamente ignorando a pluralidade como riqueza, seguimos não nos reconhecendo como brasileiros.
Com as comemorações dos 200 anos da imigração alemã, pensar o tema de modo crítico e coletivo seria fundamental, especialmente para as comunidades que foram privilegiadas nesse processo. Afinal, Charruas, Kaingangs, Mbyá-Guaranis e Xoklengs já ocupavam o território. A obra “Imigrantes” pretende exaltar esse movimento incessante por meio da imigração do próprio artista: da prancheta para a parede, do quadro da sala de aula para o quadro urbano e do papel para o cimento. Um artista gráfico imigrado para o muralismo, aventurando pinceladas em território vertical. Mas fundamentalmente, um brasileiro que acredita na maior riqueza desse lugar.
Bruno Ortiz é licenciado em história, professor na área de ciência humanas, ilustrador, desenhista de histórias em quadrinhos, cartunista e pai de uma Maria. Trabalhando entre a sala de aula e a prancheta, participou de salões de desenho nacionais e internacionais, sendo premiado em alguns deles. Ilustrou e fez capas de livros, revistas, CDs, HQs, sempre buscando interfaces entre artes gráficas e educação, tendo parte importante de sua produção ligada a educação antirracista.
Marina Kerber: dezembro de 2023 a julho de 2024
"MISCIGENAÇÃO: Peito aberto e exposto para que todo mundo veja do que se é feito uma pessoa. Por fora uma cor, uma forma, muitas interpretações. Por dentro o colorido das vísceras e medicamentos que sustentam o mar de incertezas e ambiguidades. Um exame de DNA detecta uma mistura histórica. São feridas transmitidas por gerações: miscigenação. Des-cendente, des-manchada, depres-siva. PDARA, PTREA, NGRAE e BANARC são anagramas das palavras parda, preta, negra e branca. Estes são termos utilizados pelo IBGE para classificar raça/cor da população brasileira. O Brasil sofreu um processo de embranquecimento forçado e depois incentivado, principalmente a partir das imigrações européias. Partindo disso, na obra duas figuras de uma mesma pessoa são colocadas lado a lado, uma dividida pela separação das cores de fundo preto e branco e outra totalmente no fundo preto, mas com diversas cores que vibram dentro de si. A tarja é preta. O fazer artístico é a resistência ancestral que não foi apagada."
Marina Kerber é multiartista e Mestra em Meios e Processos Audiovisuais pela USP. Atua profissionalmente nas artes visuais, no audiovisual e no teatro. Em 2022 realizou a exposição individual “As cores que me identificam”, na Galeria Mario Quintana na Estação Mercado do Trensurb em uma parceria com o SESC/RS. Em 2021 foi artista convidada da primeira edição de “Encontros Projetados”, evento de projeção de animações promovido pelo Goethe-Institut Porto Alegre. Marina também já participou de exposições coletivas como a 1ª e 2ª Bienal Black Art Brazil. A artista utiliza diferentes suportes e técnicas para retratar suas vivências conectadas com temas urgentes como identificação racial e saúde mental. É um trabalho que lança mão de hibridismos narrativos a fim de trazer diferentes reflexões sobre o ser individual e o ser coletivo. O resultado beira o absurdo e o surreal em meio ao turbilhão de sensações expostas.
Intervenção artística: Marina Kerber | Foto: Fabio Alt / Goethe-Institut Porto Alegre
Intervenção artística: Marina Kerber | Foto: Fabio Alt / Goethe-Institut Porto Alegre
Intervenção artística: Marina Kerber | Foto: Fabio Alt / Goethe-Institut Porto Alegre
Intervenção artística de Marina Kerber no muro do Goethe-Institut
Pamela Zorn (RS): JUNHO A NOVEMBRO 2023
"Procurei, a partir da minha pintura, realizar não apenas uma homenagem, mas também uma reverência a duas mulheres que admiro e que circundam minha poética enquanto artista. São elas May Ayim (Alemanha, 1960-1996) e Audre Lorde (Estados Unidos, 1934-1992), ambas escritoras e ativistas ligadas ao movimento AfroDeutsch, de mulheres negras na Alemanha.
O movimento denuncia, entre várias questões, a violência racial ligada às políticas de espaço no território alemão, e no sentimento de “estrangeirismo” causado e direcionado à sua população negra. Esse tipo de violência opera com muita força no Sul do Brasil, uma região historicamente conhecida pela colonização de imigrantes italianos e alemães no século XIX, e também pela negação sistematizada de seus cidadãos negros até os dias atuais.
A pintura busca, dessa forma, somar as nossas vozes às dessas autoras, a partir de suas palavras e poesias pintadas e sobrepostas aos seus retratos em grandes dimensões, reconhecendo e marcando que corpos, mentes e produções negras existem e constroem, também, esse território." (texto da artista)
Pamela Zorn (@pamelazorn_art) é artista visual e arte educadora, vive e trabalha em Porto Alegre/RS. Mestranda em Poéticas Visuais e Bacharela em Artes Visuais pela UFRGS. Em 2022 foi vencedora do 5º Prêmio de Aliança Francesa de Arte Contemporânea, e conquistou o Destaque Artista no XV Prêmio Açorianos de Artes Plásticas de Porto Alegre. Em sua produção artística, dedica-se principalmente à linguagem da pintura, onde explora questões de autorrepresentação, identidades raciais, memória e impermanência.
Grazi Fonseca (RS): Novembro 2022 a maio de 2023
Em novembro de 2022, o Goethe-Institut Porto Alegre apresentou a última intervenção em seu muro no ano de 2022: o trabalho teve autoria da quadrinista Grazi Fonseca e transformou o espaço de 11 metros em uma tira de grande proporção. Com o apoio do ICBA, a ideia foi pensanr o formato de uma narrativa em quadrinhos de forma expandida. “Recomposição” tratou do tema da democracia de forma geométrica e abstrata. Para se inspirar, a artista partiu do conceito de que uma sociedade democrática é composta por um núcleo definidor, e diversas camadas que interagem entre si, formando estruturas. Elas, por sua vez, também se relacionam com outros elementos que fazem parte de um sistema maior e dependem de uma organização para o seu funcionamento.
Grazi Fonseca é quadrinista e explora narrativas experimentais e autobiográficas. É autora de publicações como “hay v.2” (2022), que reúne as tiras veiculadas mensalmente entre 2020 e 2022 na revista digital Parêntese, do grupo Matinal Jornalismo, e “Partir” (2018, coleção Des.Gráfica Mis-SP), finalista do Prêmio Dente de Ouro 2019. Em 2021, foi uma das artistas convidadas da Bienal de Quadrinhos de Curitiba e integrou a residência artística “Notas & Traços”.
A mais nova intervenção artística no muro externo do prédio traz o trabalho da artista Carla Barth.
Para abordar o tema “Democracia”, estabelecido pelo Instituto para os projetos no muro em 2022, Barth inspirou-se inicialmente no livro "A Revolução dos Bichos", de George Orwell, e deu sequência a seu estilo de desenho com destaque para as composições gráficas e figurativas. “Representei a sociedade através dos animais ocupando espaços de expressão, de liberdade e de opinião repleto de diversidade, demonstrando o que ocorre em nossa sociedade, porém inseridos em um universo de fantasia”, explica a artista.
DIOGENES MACHADO (RS): MARÇO A JULHO 2022
Com o trabalho “Antagônicos”, Diogenes Machado dá início ao 5º ano da série de intervenções promovidas pelo Instituto no local. Este ano, Democracia é o tema que guiará as propostas culturais desenvolvidas especialmente para o espaço. O mural criado por Diogenes Machado e executado com apoio de Luis Flávio Trampo apresenta duas figuras-chave e um elemento central que conecta o muro através dos grafismos característicos de Diogenes. Para dialogar com o tema Democracia, o artista tangencia o tema dos refugiados através da figura da morte fatigada e de um(a) refugiado(a).
A crise migratória se tornou uma crise humanitária e, em tempos de guerra, é ainda mais latente como ponto de debate e de ação. O tema denso e complexo pode se referir tanto a questões contemporâneas quanto suscitar reflexões e autocrítica sobre situações passadas. As figuras são ligadas pelos grafismos geométricos e remetem a algo que se transforma e se conecta. O diálogo com a Democracia é, assim, instigante e subliminar. “Antagônicos” propõe imagens que não são óbvias e convidam o público para um mergulho nessa provocação, podendo diferentes reações e interpretações emergirem desse exercício.
Arte: Diogenes Machado | Foto: Fabio Alt / Goethe-Institut Porto Alegre
DENILSON BANIWA (AM): DEZEMBRO 2021 A MARÇO 2022
Muyeréusáwa Rúka foi o trabalho criado por Denilson Baniwa especialmente para o muro do Goethe-Institut e ilustra, em mais de 11 metros de superfície, os petróglifos - gravuras rupestres que narram fatos e mitos do povo indígena Baniwa - e as Casas de Transformação, locais sagrados de onde surgem os conhecimentos ancestrais. Pintado com cores fluorescentes sob base escura, o muro tem iluminação noturna com luz ultravioleta (luz negra), criando um efeito visual que remete ao encantamento dos seres da floresta. O mural no Goethe é uma das partes de “INÍPO – Caminho de Transformação”, a exposição-percurso do artista em Porto Alegre que se espalha também por espaços do MARGS e da Casa de Cultura Mário Quintana. ÍNIPO é uma correalização do Instituto e do Festival Kino Beat.
TUANE EGGERS E DANIEL EIZIRIK (RS) | AGOSTO - NOVEMBRO 2021
Em “redes subterrâneas” Dani Eizirik e Tuane Eggers exploraram a relação do muro com as árvores e subsolo do jardim do Goethe-Institut Porto Alegre, gerando um diálogo entre a arte e a natureza que existe na volta - assim como com o que está dentro e fora dos nossos corpos. “Ao retratar as redes subterrâneas da micorriza e a cooperação que pode existir entre o micélio dos fungos e as raízes das árvores, pensamos sobre a confusão dos contornos, sobre as redes que nos atravessam e que nos envolvem com as diversas formas de vida no planeta”, descrevem os artistas. O mural de Tuane Eggers e Dani Eizirk é um convite imaginativo para os passantes e traz para o espaço público a reflexão sobre as teias objetivas ou subjetivas que constituem a vida e as relações.
Intervenção artística: Tuane Eggers e Daniel Eizirik (RS) | Foto: Marcelo Frey (Goethe-Institut Porto Alegre)
WAGNER MELLO (RS) | ABRIL - AGOSTO 2021
Com o trabalho de Wagner Mello, o Goethe-Institut Porto Alegre inaugurou em abril de 2021 a primeira intervenção artística no muro da fachada do prédio no ano. Intitulada “A cura é a revolução em si”, a obra propôs o entendimento de unificação das essências que existem nos elementos da natureza, em cada ser, na coletividade, no diálogo com e entre os corpos. “É uma celebração da existência do todo, como pode e deveria ser”, pontuou o artista. A ideia do projeto veio através do tema dado ao artista pelo Instituto: meio ambiente é o ponto de partida para as intervenções no muro em 2021. O mural foi pintado com tinta acrílica em tons preto e branco.
CAMILA MORITUGUI (SP) | DEZEMBRO 2020 – ABRIL 2021
O mural da artista Camila Moritugui teve como ponto de partida os 250 anos de Ludwig van Beethoven e apresentou um projeto gráfico contemporâneo sobre o tema. Para o trabalho, Moritugui teve como referências partituras musicais de Beethoven, cores primárias e formas geométricas básicas que remetem à história do design e também dialogaram com o legado iniciado pela escola Bauhaus. O projeto foi feito inteiramente com spray e foi acompanhado também por uma iniciativa musical, como convite ao violonista Eduardo Guterres para tocar um arranjo do compositor alemão enquanto a artista produzia o trabalho gráfico.
O projeto de Felipe Reis foi realizado a partir da ideia inicial de mesclar graficamente linguagens analógicas e digitais, já que este foi o primeiro mural realizado em meio à pandemia. Reis foi convidado a criar uma arte que retratasse o trabalho do Instituto em diferentes áreas culturais, como cinema, literatura, teatro, etc. Sobre a arte elaborada pelo artista, foram colados QR Codes que conectavam os passantes aos projetos digitais que o Instituto começou a realizar em função da pandemia. A proposta conectava então a experiência e trajetória cultural do Instituto com a situação atual da vida online. O trabalho foi feito com spray e tinta acrílica.
MITTI MENDONÇA (RS) | MARÇO – AGOSTO 2020
A proposta de Mitti Mendonça teve como protagonistas as mulheres negras e trouxe à tona uma pesquisa sobre memória, afeto, ancestralidade e territórios negros. Com a frase “Quem disse que não somos bem-vindas aqui?” o projeto provocava reflexões sobre presenças/ausências dentro de alguns pontos geográficos da cidade. A arte digital elaborada pela artista foi impressa em grande formato e colada como lambe-lambe no muro. Sobre a colagem, a artista inseriu flores bordadas, que ligavam o trabalho à técnica do bordado, fortemente presente na trajetória da artista.
MURO DE BERLIM | NOVEMBRO 2019 – MARÇO 2020
A fim de marcar os 30 anos de um dos acontecimentos históricos mais importantes do séculos 20 – a queda do muro de Berlim no dia 9 de novembro de 1989 – o Goethe-Institut produziu esse muro temático especial para a data. Três fotografias representativas foram selecionadas e impressas em grande formato e coladas como lambes na fachada, formando assim um diálogo entre os próprios muros - o do Instituto, e o de Berlim. A produção gráfica foi realizado por Márcio Quadros, da Lambe Lambe Comunicação, parceiro do Instituto nos diversos projetos da fachada que envolveram impressões de grande formato e colagem de lambes.
ARTUR SOARES (BA) | AGOSTO – OUTUBRO 2019
A intervenção do artista Artur Soares, de Salvador, trouxe um trabalho potente e gráfico para a fachada do Instituto. A partir do seu estudo em gravura que versava sobre a face humana, o artista levou para o muro do Instituto figuras que representam a história da resistência política de protagonistas negras da história do Brasil: Luísa Mahin, Erica Malunguinho e Marielle Franco. Soares realizou as gravuras em linóleo. Estas, por sua, vez, foram digitalizadas, impressas em grande formato e coladas como lambes na fachada.
KLAUS STAECK (ALEMANHA), ALINE DAKA (RS) E RAFAEL CORREA (RS) | MAIO – AGOSTO 2019
Intitulado “Cuidado, Arte!”, o projeto contou com trabalhos do artista alemão Klaus Staeck em diálogo com obras do cartunista Rafael Corrêa e da ilustradora Aline Daka, ambos brasileiros. A organização dos trabalhos artísticos foi feita em parceria com a Galeria Hipotética, iniciativa independente de projetos de desenho, ilustração, fotografia e histórias em quadrinhos. O muro fez parte da iniciativa “O que pode a arte?” (Was darf Kunst?), que discutiu, em diferentes cidades, o papel e a liberdade da arte na atualidade. As ilustrações, cartazes e charges foram colados como lambes no muro e se dirigiam aos mais diversos temas: machismo, homofobia, racismo, acessibilidade, entre outros.
Xadalu (RS) | Setembro 2018 – Abril 2019
Primeiro projeto com lambes no muro, a proposta do artista Xadalu foi a de trazer para o muro do Goethe, em tons fosforescentes, as figuras que permeiam seu trabalho e dedicam-se à representatividade e visibilidade da cultura Guarani Mbya: o macaco (Ka´i), a onça (Jaguaretê), a coruja (Orukure´a), e o Quero Quero (Quero Quero). O muro foi produzido como parte do projeto internacional “O Poder da Multiplicação”, que discutiu questões ligadas à reprodutibilidade da arte e colocou em diálogo 14 artistas alemães e brasileiros.
Projeto O Poder da Multiplicação
Andorra | Agosto 2018
Inspirado pela repercussão sobre o projeto de intervenção no muro, a proposta “Andorra” foi baseada no texto da peça homônima de Max Frisch, que traz críticas facilmente associadas ao contexto político-social brasileiro. Além da intervenção em fundo branco com letras gigantes que formavam o título da obra, o projeto contou com uma performance baseada no texto, com direção de Nina DeLudemann e encenação de alunos do Departamento de Artes Dramáticas (DAD) da UFRGS em frente ao muro.
Amaro Abreu (RS) e Rafael Pixobomb (SP) | Maio – Julho 2018
Primeira intervenção artística no muro do Instituto, o projeto contou com trabalhos de Rafael Pixobomb e Amaro Abreu, que se originam no pixo de São Paulo e no grafite de Porto Alegre, respectivamente. A intervenção era um complemento à exposição “Pixo/Grafite: Realidades Paralelas”, exposta na galeria do Instituo no mesmo período. No muro, foram representadas figuras que simbolizavam as reflexões dos artistas: seres de outros universos, periferias, desigualdades, apropriações e subversões de sentidos.