Matéria sólida suspensa no ar
A prática do desenho acompanha-me nos tempos de quarentena.
A dimensão física do ato de desenhar estabelece uma conexão concreta com o mundo. Uma folha de papel é um espaço expansível, tem suas dimensões redefinidas a cada vez que um desenho acontece. Da matéria sólida suspensa no ar, decantam ideias e formas.
A ausência das experiências vividas no espaço físico acentua o desejo por materialidade. Através do desenho, pensar as relações com o mundo. O desenho como uma outra forma de escrita.
O pensamento não precisa de um espaço determinado para se formar, mas precisa de um corpo para existir no mundo. Corpo-desenho. Ideia-matéria.
Com os desenhos, pensar as relações entre as coisas dadas em uma ordem do mundo. Sobre a superfície, a imagem é lentamente sedimentada. Observar.
Marina Camargo - “Distúrbios”, 2020. Série de desenhos | 30x40 cm
Marina Camargo (Maceió, 1980)
é artista visual. Em seu trabalho, a noção de deslocamento define um modus operandi para lidar com uma ordem estabelecida do mundo: seja como um deslocamento físico através de espaços e lugares, seja através de deslocamentos conceituais. Questões relacionadas a cartografia, geopolítica, apagamento histórico, referências relacionadas à representação de paisagens fazem parte de suas pesquisas.
Estudou na Akademie der Bildenden Künste (Munique, Alemanha), concluiu o bacharelado e mestrado em artes visuais pelo Instituto de Artes/UFRGS (Porto Alegre), e estudou Cultura Visual na Universitat de Barcelona (Espanha).
www.marinacamargo.com