Parte I: Luta, Coragem, Experimentação, Empatia, Violência
26.09.2024

Porta a Porta – Casa para Todos, Movimento pelo Direito à Habitação surge dos graves problemas, atualmente enfrentados pela maioria das pessoas que vivem e trabalham em Portugal, no acesso à habitação. São um grupo de cidadãos de todas as idades e de todo o território nacional, que, partilhando da dificuldade de manter uma habitação digna ou a ela ter acesso – seja por causa do brutal aumento das rendas ou do aumento das taxas de juro no crédito à habitação, seja pela ausência de habitação pública –, vendo-se incapaz de fazer face aos custos com a habitação, sempre sob a “espada” de um despejo iminente, decidiu juntar-se e intervir, para, coletivamente, construir soluções e exigir que o direito à habitação seja cumprido. São um movimento aberto a todas as pessoas que queiram contribuir com as suas opiniões e ação, para que se cumpra o que está consagrado na Constituição da República Portuguesa, no artigo 65.º: “Todos têm direito, para si e para a sua família, a uma habitação de dimensão adequada, em condições de higiene e conforto e que preserve a intimidade pessoal e a privacidade familiar.”
 

António Brito Guterres é Assistente Social com pós-graduação em Estudos Urbanos e doutorando na mesma área temática. Também tem formação em foresight, pela School of International Futures, e é investigador no Dinâmia-Cet ISCTE – IUL. Entre vários estudos, foi um dos autores das Estratégias para a Cultura da Cidade de Lisboa. É membro do Conselho Geral da Universidade Nova de Lisboa e, profissionalmente, esteve anos a coordenar projetos com jovens, através do Programa Escolas. Foi diretor do Centro de Experimentação Artística do Vale da Amoreira (CEA-VA), concebendo com parceiros e artistas locais toda uma programação cultural, artística e educativa para o território. Acompanhando essas iniciativas, coordenou todo o processo participativo para definição de funções e projeto arquitetónico do Centro de Experimentação até à sua inauguração.

Jesko Fezer trabalha como designer. Investiga, tanto na prática quanto na teoria, a relevância sociopolítica do design em diversas colaborações. Desenvolve projetos de arquitetura em parceria com o ifau (Instituto de Urbanismo Aplicado), é cofundador da livraria Pro qm em Berlim e faz parte do estúdio de design de exposições Kooperative für Darstellungspolitik. Além disso, é coeditor da publicação Bauwelt Fundamente e dos Studienhefte für problemorientiertes Design. Atualmente, é professor de Design Experimental na Universidade de Belas Artes de Hamburgo e, desde 2011, coordena o Public Design Support Program, um projeto liderado por estudantes. A sua última publicação chama-se Jesko Fezer: Umstrittene Methoden. Architekturdiskurse der Verwissenschaftlichung, Politisierung und Mitbestimmung in den 1960er Jahren (Métodos Controversos. Discursos Arquitetónicos sobre a Cientificação, Politização e Participação na Década de 1960), lançada pela Adocs Hamburg, em 2022.

Judit Morello é cientista na área da biomedicina e vive em Lisboa desde 2012. É ligada ao movimento social pelo direito à habitação, desde que ter casa para viver em Lisboa se tornou um luxo. É co-fundadora do coletivo Aldrava (2020), que visa implementar um modelo de habitação colaborativa não especulativa, através da propriedade coletiva e do direito de uso na área metropolitana de Lisboa. Aldrava está inserida na Cooperativa Integral Rizoma e na rede de cooperativas em propriedade coletiva CoHabitar.

Paula Cardoso é fundadora da comunidade digital Afrolink e autora da série de livros infantis Força Africana, oa quais foram desenvolvidos para promover uma maior representatividade negra. Com o mesmo propósito, cocriou O Tal Podcast; apresenta o programa de TV Rumos; e é cronista da revista Brasil Já, tendo também um espaço de opinião no Gerador. Integra ainda o Fórum dos Cidadãos, que contribui para revigorar a democracia portuguesa, e é embaixadora do European Climate Pact, compromisso de combate às alterações climáticas. Natural de Moçambique, licenciou-se em Relações Internacionais e trabalhou como jornalista durante cerca de 20 anos, percurso iniciado na revista Visão. Em 2023 foi apontada pela revista de negócios Success Pitchers como uma das 10 Mulheres Líderes Mais Inspiradoras do Empreendedorismo Social.

Pierre Crétois é investigador em filosofia no Laboratório Sophiapol da Universidade de Paris Nanterre. É líder do grupo de estudo e de investigação Question Marx, fundado em 2004, e do GENA (Groupe d'Etudes sur le Néolibéralisme et les Alternatives), fundado em 2018. Pesquisador de renome internacional, nos últimos dois anos foi convidado pelas seguintes universidades: Universidade de Campinas e Universidade de São Paulo (Brasil), Universidade do Humanismo Cristão, Universidade da Fronteira, Universidade de Playa Ancha (Chile), Universidade de Buenos Aires, Universidade Nacional de Cuyo e Universidade Nacional da Patagónia San Juan Bosco (Argentina). É Doutor Honoris Causa pela Universidade de Humanismo Cristão do Chile e pela Universidade de Los Lagos (Chile). As suas publicações principais ou recentes são: La nouvelle raison du monde (2010), Marx, prénom : Karl (2012), Commun (2014), Dominer (2020), Le choix de la guerre civile (2021), La mémoire du futur (2023). 

Movimento Referendo pela Habitação (MRH) é um movimento de habitantes de Lisboa, que pretende implementar um referendo local pelo direito a habitar a cidade. O MRH tem dois objetivos: o primeiro é construir um referendo por iniciativa popular em  Lisboa, para que o alojamento local deixe de ter lugar em casas onde poderíamos morar; o segundo é criar movimento para reclamar o direito a habitar a cidade. Para o referendo, têm de ser recolhidas 5000 assinaturas (que já foram) e levar a sua proposta a votação de âmbito municipal. O MRH é apartidário (não pertence nem apoia nenhum partido político) e é autofinanciado (não depende financeiramente de nenhuma outra organização ou instituição). Tomam as decisões mais importantes em assembleia e organizam-se por grupos de trabalho.

Tiago Mota Saraiva licenciou-se em Arquitetura pela Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa (FAUTL), em 2000, depois de ter frequentado um semestre na Escuela Técnica Superior de Arquitectura de Madrid (ETSAM). Especializado em Arquitectura, Território e Memória, pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), em 2004, é agora membro efetivo da Ordem dos Arquitectos (OA), desde 2001, tendo feito parte do seu Conselho Diretivo Nacional, entre 2003-07, e desempenhado as funções de Tesoureiro Nacional nos últimos três anos. Iniciou o trabalho na área da arquitetura e do urbanismo em 1995, tendo colaborado com diversos ateliês em Lisboa, Roma e Vicenza. Foi correspondente da revista espanhola Pasajes de Arquitectura y Crítica, entre 1999-2002, teve uma coluna semanal no jornal i, entre 2011 e 2019, e no jornal Dia15, entre 2018 e 2019. Trabalhou ainda como consultor externo da Câmara Municipal de Lisboa para a implementação da Agenda 21 para a Cultura (UCLG). Foi candidato ao Conselho de Administração da Associação Mutualista Montepio e é, atualmente, sócio-gerente do ateliermob – arquitectura, design e urbanismo lda., onde exerce atividade desde a sua constituição em 2005. É também dirigente da cooperativaTrabalhar com os 99% e da cooperativa de iniciativa local Largo Residências. Destacam-se, além disso, o seu papel na direção das associações europeias city makers re:Kreators e Placemaking Europe Leader; do Conselho Editorial do Le Monde Diplomatique - edição Portuguesa; e no Conselho Geral do ISCTE-IUL. É professor convidado da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa (FAUL), desde 2019.

Esteban Feune de Colombi (Buenos Aires, 1980) é poeta, ator, diretor e performer. Mora há três anos aos pés da montanha de Montserrat, na Catalunha. Os seus projetos assumem a forma de livros, filmes, peças de teatro, performances, passeios, objetos ou canções. Viveu em Paris, Genebra e Barcelona, e hoje reside em El Bruc, uma pequena aldeia no sopé da montanha de Montserrat.