Experimenta/Sur  Tecidos conjuntivos

Veranstaltung im Humboldt Forum Berlin Foto: David von Becker

A plataforma internacional de artes cênicas Experimenta/Surfoi fundada em 2013 pela Siemens Stiftung, o Goethe-Institut e o coletivo de artistas Mapa Teatro – Laboratório de Artistas da Colômbia. Seu objetivo era criar espaços temporais de reflexão, experimentação e diálogo.

Por ocasião do ano temático Humboldt e as Américas, a Experimenta/Sur participou da exposição A natureza das coisas: Humboldt, idas e vindas e reuniu artistas e cientistas da América Latina, Alemanha e Estados Unidos para discutir em conjunto o conceito de “tecidos conjuntivos”. Neste contexto, foi criada a leitura performática De bogas y remeros e a performance El carguero. Também foi gerada a performance El viaje del formol
 

O carregador

Em seus diários, Humboldt descreve a figura do carregador no sistema colonial. Os carregadores, homens indígenas ou afrodescendentes, levavam às costas passageiros e mercadorias. O artista performático Jean Lucumi associa esta figura com questões relativas à educação nas sociedades pós-coloniais de hoje, onde as desigualdades do sistema colonial de escravidão e exploração em função da origem étnica persistem, ainda que de forma diferente. Como carga, Lucumi leva às costas os textos que marcaram seus anos escolares. Uma carga de que vai se desfazendo ao longo da performance e que dá início a uma discussão sobre a relação entre educação e ordem social global. 

A viagem de formol

A performance encena um mundo mítico: a viagem ao submundo da ativista mixteca assassinada Alberta “Bety” Cariño é representada com a ajuda de vídeos, canções e narração. Durante esta viagem político-surrealista, ela se encontra com viúvas, bruxas, animais míticos e divindades, que a acompanham a uma cerimônia de renascimento. Um axolotle imerso em formol desempenha simultaneamente o papel de narrador de histórias, guia e objeto espiritual capturado em uma expedição colonial. Em sua viagem, Humboldt viu, desenhou e descreveu a salamandra mexicana, ou axolotle, nas águas próximas à Cidade do México. Com esta história mítica, a performance mostra o entrelaçamento da exploração de recursos naturais e da opressão dos povos indígenas do México.​

De bogas e remadores

Nesta leitura performática, a antropóloga Mara Viveros faz referência a um dos poucos textos de Humboldt em que se descreve uma pessoa e a corporalidade de seu trabalho. Ela apresenta o texto em contraste com a narração da vida cotidiana de um homem, um afrocolombiano que vive no litoral e é possivelmente um descendente do homem descrito por Humboldt. A leitura de Julián Díaz e Liliana Angulo Cortés é acompanhada de improvisações de Stephan Micus, que seguiu a rota de Humboldt pelo Orinoco no contexto da Experimenta/Sur.