“Nunca penso em uma imagem, quando quero construir uma casa”, afirmou Mies van der Rohe numa entrevista concedida à revista Bauwelt em 1964. Apesar disso, produziu muitas colagens e montagens. Essas composições espaciais estão entre as mais belas e interessantes obras da Modernidade.
Ludwig Mies van der Rohe (1886–1969) é um dos arquitetos de maior destaque da Modernidade. Em sua cidade natal, Aachen, Mies teve contato com os fundamentos do ofício da construção. Com Peter Behrens, em Berlim, o jovem arquiteto aprendeu tudo sobre a “grande forma”. Quando a sociedade burguesa do Império Alemão, marcada pelos ofícios, desmoronou na Primeira Guerra Mundial, a arquitetura e a criação de arte também mudaram fundamentalmente. Experimentação e otimismo inspiraram projetos revolucionários. O Pavilhão de Barcelona de Mies van der Rohe, com sua fluidez espacial, expressava a nova abertura da República de Weimar, mas também a aspiração a ordem e moderação.
As colagens e montagens revelam uma justaposição e coexistência de continuidade e de recomeço. Já cedo, Mies van der Rohe se orientava pelas colagens fantasiosas da vanguarda artística. Propagandas e experimentos contemporâneos com filmes apresentavam a metrópole moderna como lugar de movimento. Em 1922, surgiram as sugestivas fotomontagens de seu prédio na rua Friedrichstrasse, em Berlim. Elas passam a impressão de movimentos de câmera congelados, transmitindo uma imagem dinâmica da cidade e da sociedade como um todo. Com a emigração para os Estados Unidos, as representações de espaços urbanos foram cedendo lugar a imagens de espaços internos. Essas perspectivas em grande escala atraem o observador para dentro da imagem. Em inúmeras colagens de Mies van der Rohe veem-se reproduções de obras de arte.
Ao se observar bem de perto e em detalhes, revela-se nas colagens o seguinte jogo de alternâncias: por um lado, um futuro moderno é anunciado com precisão técnica, enquanto, por outro, os traços da produção artesanal de imagens permanecem claramente visíveis. Às vezes, peças de compensado cuidadosamente cortadas são incorporadas a desenhos de traços exatos.
Acompanhando a exposição “Mies van der Rohe: As colagens do Museu de Arte Moderna de Nova York”, no Fórum Ludwig em Aachen e no Museu Georg Schäfer, em Schweinfurt, de 26 de fevereiro a 28 de maio de 2017, foi publicado um catálogo com ilustrações abundantes e cuidadosamente comentado. MIES VAN DER ROHE: MONTAGE. COLLAGE, Aachen, Ludwig Forum. Andreas Beitin, Wolf Eiermann & Brigitte Franzen (org.). Aachen/Schweinfurt 2016/17.