No dia a dia, nos deparamos mais com a Bauhaus do que supõe nossa vã filosofia. E não apenas em lojas de móveis. Algumas máximas dessa escola de design tornaram-se expressões de uso corrente.
“O objetivo final de toda atividade plástica é a construção!” Construir, construir e construir: Walter Gropius, fundador e primeiro diretor da Bauhaus, tinha uma ideia clara a respeito dos rumos a serem tomados por sua instituição. No Manifesto publicado em 1919, ele escreveu: “Criemos juntos a nova construção do futuro, que juntará tudo numa única forma: arquitetura, escultura e pintura”. Com esse conceito interdisciplinar, as artes plásticas deveriam unir-se à arquitetura. Com enfoque na...? Construção.
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Ilustração: © Tobias Schrank
“Artigos para o povo em vez de artigos de luxo” |
Ilustração: © Tobias Schrank
“a forma segue a função” Nenhum ornamento, nenhum espalhafato, nenhum acessório desnecessário: a proposição “a forma segue a função” – que não veio dos pensadores da Bauhaus, embora seja constantemente atribuída a eles – só viria a ser aplicada de maneira consequente lá, pela primeira vez na Alemanha. Mesmo que toda a linguagem da Bauhaus deixasse a impressão de que essa máxima era a quintessência da Escola, Wassily Kandinsky sentenciou, marcando a diferença: “A necessidade cria a forma”.
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Ilustração: © Tobias Schrank
“Onde há lã, há também uma mulher tecendo, nem que seja só para passar o tempo Mesmo que a Bauhaus parecesse muito moderna para sua época, Gropius deixou rapidamente claro que não valorizava de fato a equidade entre os gêneros, por ele postulada de início, nem pretendia ter consideração pelas mulheres. A recomendação do Conselho de Mestres para que não fossem feitos “experimentos desnecessários” demonstrou até onde se queria chegar com a emancipação feminina: as mulheres deveriam ir direto para a tecelagem e ser excluídas dos cursos de arquitetura.
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Ilustração: © Tobias Schrank
“Uma coisa é determinada por sua essência” ...constatou Gropius em 1925. Pura e simplesmente. “Para desenhar um objeto que funcione perfeitamente, é preciso investigar primeiro sua essência, pois ele terá que servir inteiramente a seu propósito, ou seja, terá que cumprir sua função de ser durável, barato e ‘belo’.” Investigar as coisas em sua essência – assim podem ser explicadas algumas aulas que pareciam insanas, nas quais os alunos se colocavam no lugar dos objetos.
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Ilustração: © Tobias Schrank
“terrivelmente desconfortável” E isso é arquitetura? Choveram críticas, quando, em 1923, a arquitetura fria e funcional foi posta à prova na mostra Exposição Bauhaus. Uma construção de concreto armado pintada de branco com elementos inovadores no interior: as paredes do quarto das crianças feitas para serem rabiscadas, os móveis, para serem acoplados a fim de economizar espaço. “Uma estação do Polo Norte”, “uma sala de cirurgia”, o projeto é “uma piada arquitetônica”, ou a impressão geral é a de que tudo é “terrivelmente desconfortável, puritano e ortodoxo”: essas foram algumas das palavras ásperas usadas por contemporâneos para definir a Bauhaus.
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Foto: © Tobias Schrank
Setembro de 2018