Mayeli Villalba

Mayeli Villalba Foto: © Mayeli Villalba Fotógrafa documental e artista visual afro-paraguaia. Seus temas de interesse são a territorialidade, a racialização, as identidades étnicas do Paraguai em geral e a sua em particular. É membro e fundadora do Ruda, coletivo de fotógrafas latino-americanas presente em nove países. É formada em Serviço Social e escreveu sua tese junto da comunidade afro-paraguaia Kamba Cua.

Mapa da memória


Mayeli Villalba imaginou a rota que seus ancestrais afro podem ter seguido para chegar até território de origem de sua família. A criação dessa possível rota aquática baseia-se nas lembranças que seu segundo tio, Tiburcio Acevedo Rojas, compartilhou com ela. Ele lhe disse que eles vieram do Brasil.

O Paraguai costumava trazer pessoas escravizadas do Brasil e da Argentina porque não tem acesso ao mar. Em vista do fato de que os africanos eram traficados principalmente por via marítima. A artista imagina que a jornada de seus ancestrais para o Paraguai começou com o desembarque na costa atlântica brasileira, de onde foram para o Rio Grande, já que ele é o afluente do Rio Paraná, que fica mais próximo do mar. Por fim, presume-se que eles entraram no rio Paraguai pelo rio Paraná.

Embora os dados oficiais escassos e muitas vezes ausentes sobre a presença afro-paraguaia sejam indicativos das tentativas de apagá-la das narrativas hegemônicas. Isso também dá muito mais força ao poder da imaginação ao reivindicar o direito de ter narrativas que reafirmem a presença histórica dessa população. O que também é uma parte importante parte importante da identidade nacional.

Mayeli colou vários mapas de memória na área portuária de Assunção. Ela imagina que existam almas afro ancestrais que foram levadas para lá sem nenhuma informação sobre onde estão ou de onde vieram. Ela também acredita que compartilhar as memórias de seu tio Tibu poderia servir como uma pista para alguns de seus contemporâneos que estão procurando respostas como ela.