Filme, bate-papo
Filme sobre música periférica do Egito é exibido no Acervo da Laje
Residente do Programa de Residência Artística Vila Sul do Goethe-Institut Salvador, Salma El Tarzi apresenta seu documentário sobre o Mahraganat Shaabi
Um documentário que retrata a música popular feita nas periferias da cidade do Cairo será exibido na Casa 2 do Acervo da Laje, no Subúrbio Ferroviário de Salvador, no dia 12 de setembro, em duas sessões gratuitas, às 14h e às 17h. “Undergound/On the Surface”, da cineasta, artista visual e ensaísta egípcia Salma El Tarzi, acompanha o surgimento e a ascensão do Mahraganat Shaabi, saído dos bairros mais pobres e favelas da capital do Egito para o topo das paradas. Sua sonoridade eletrônica nos remete a uma mistura de rap e funk, oriundos da mesma forma das comunidades periféricas brasileiras. A diretora do filme, residente do Programa de Residência Artística Vila Sul do Goethe-Institut Salvador-Bahia, participa de bate-papo após cada sessão. A classificação indicativa é de 12 anos.
O longa-metragem mostra como, há poucos anos, quando do seu surgimento, o Mahraganat Shaabi foi rejeitado pela mídia e considerado vulgar e obsceno pela alta sociedade. A despeito disso, e ainda que seu único meio de divulgação tenham sido a internet e shows de rua, esta música foi capaz de alcançar milhões de pessoas, redefinindo a ideia de underground. Oka, Ortega e Wezza são as três estrelas desta cena, mas, mesmo com toda repercussão, não se consideravam muito bem-sucedidos porque não aceitos pela “sociedade respeitável”. Eles achavam impossível que pessoas “de fora”, como eles chamam as dos bairros ricos e de classe média, realmente escutassem e curtissem as suas músicas. Assim, se veem divididos entre a aspiração ao mainstream – e tudo que isso representa em termos de dinheiro, respeito e reconhecimento – e o sua verdadeira vocação, que se rebela contra esses valores e cria um tipo de música efetivamente popular, representativa da voz do povo. Com a Revolução Egípcia, em 2011, Mahraganat Shaabi começa a se espalhar pela juventude da classe média, artistas e revolucionários. De repente, vira um sucesso. Oka, Ortega e Wezza se encontram no centro das atenções. Superando o sonho de conquistar o mundo “respeitável”, eles são convidados por programas de televisão e fazem shows para a elite intelectual.
Sobre Salma El Tarzi – Estudou desenhos animados no Cinema High Institute, no Cairo. Desde que se formou, em 1999, trabalhou em comerciais de cinema e televisão e, em particular, nas áreas de direção, produção, dublagem e escrita. Em 2004, dirigiu seu primeiro documentário de curta-metragem, “Do You Know Why?”, que lida com modelos jovens em comerciais de televisão e que venceu o Prêmio Prata do Festival de Cinema Árabe de Roterdã. Desde então, continua a trabalhar no mercado mainstream enquanto segue sua carreira como documentarista. Em 2013, dirigiu seu primeiro documentário em longa-metragem, “Underground/ On The Surface”, que trata da subcultura da música Electro Shabbi, também conhecida como Mahrganat, e ganhou o prêmio de melhor diretora no Festival Internacional de Cinema de Dubai. No mesmo ano e depois de um bloqueio de 14 anos, começou novamente a pintar e desenhar. Em 2018, foi coautora do romance não-ficção “Three women: Stories from the Egyptian Revolution”, sobre violência institucional e social de gênero durante os primeiros anos da Revolta Egípcia. Atualmente, está trabalhando em uma novela gráfica autobiográfica, bem como em uma pesquisa de arte sobre a representação do desejo e da normalização da cultura do estupro no cinema egípcio tradicional. O primeiro trabalho em andamento da pesquisa foi exibido no Goethe Festival de Artes Feministas Tashweesh.
Sobre o Goethe-Institut Salvador-Bahia – Instituto cultural da República Federal da Alemanha, o Goethe-Institut, fundado em 1951, se dedica a fomentar o diálogo entre culturas e é a maior instituição de ensino de alemão no mundo. Atualmente, dispõe de uma rede de 159 unidades em 98 países de todos os continentes. A unidade do Goethe-Institut Salvador-Bahia foi criada em 1962 e, desde então, promove a aprendizagem da língua alemã, divulga uma imagem abrangente da Alemanha e realiza colaborações locais, nacionais e internacionais na área da cultura, com numerosos parceiros públicos e privados. É um espaço disposto ao exercício artístico-cultural, realizando ações próprias e oferecendo suporte a iniciativas de variadas espécies. Dispõe de teatro, foyer, galerias, biblioteca, ateliês, estúdios, salas de aulas, praças, pátio e café. Após mais de meio século de atividades contínuas na cidade, iniciou, em 2016, o Programa de Residência Artística Vila Sul, com a proposta de fortalecer interlocuções entre o Brasil e demais países do hemisfério Sul a partir do acolhimento de artistas e agentes culturais de diversas áreas, linguagens e origens. Mais de 70 residentes já experimentaram esta oportunidade.
Sobre o Acervo da Laje – Espaço de memória artística, cultural e de pesquisa sobre o Subúrbio Ferroviário de Salvador (SFS), região que reúne aproximadamente 10% da população da capital baiana, segundo o IBGE. Definido como Casa, Museu e Escola, sua galeria, distribuída nas Casas 1 e 2, é composta por biblioteca, coleção de discos, fotografias, manuscritos, tijolos, azulejos e porcelanas antigas, artefatos históricos, quadros e esculturas, entre outras peças. Criado em 2010 pelo casal de educadores José Eduardo e Vilma Santos, a primeira mulher negra a fundar um museu na periferia, o Acervo da Laje fica localizado em São João do Cabrito, bairro vizinho a Plataforma, e está aberto para visitação pública. Interessados devem fazer agendamento através dos telefones (71) 3401-7804, 99382-8185 e 98637-8051, do Facebook do Acervo da Laje ou do site www.acervodalaje.com.br.
Undergound/On the Surface
De Salma El Tarzi (Egito)
Exibição de filme e bate-papo
Quando: 12 de setembro (quinta-feira), às 14h e às 17h
Onde: Acervo da Laje – Casa 2 (Rua Sá Oliveira, 2A, final de linha do São João do Cabrito)
Quanto: Gratuito
Classificação indicativa: 12 anos
Detalhes
Acervo da Laje – Casa 2
Rua Sá Oliveira, 2A, final de linha do São João do Cabrito
Preço: Gratuito