Literatura no ensino de alemão como língua estrangeira
Os sofrimentos do jovem Werther – Trabalhando com um clássico

a classic with potential
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O romance “Os sofrimentos do jovem Werther”, de Goethe, é um clássico da literatura mundial. Mas também ilustra os sofrimentos dos alunos com as leituras obrigatórias na escola ou universidade

Na Croácia, “Werther” em versão traduzida é parte do conjunto de obras tratadas nas aulas de literatura na escola, na germanística, e na formação de professores é leitura obrigatória no original. As barreiras de história cultural e de língua que os estudantes têm que superar são altas.

Mas o texto oferece uma gama de possibilidades de fazer conexões com temas muito atuais, com um grande potencial de ativar sinergias interdisciplinares. As idéias, questões e sugestões a seguir podem ajudar a utilizar este potencial na aula:

Motivação para acessar o mundo de Werther

 
Um warmup prévio pode ser encontrado na lista “Sommers Weltliteratur to go”, uma série em vídeo com bonecos Playmobil que lida com numerosos temas da literatura mundial. Nela, “Werther to go!” abre um acesso divertido para o trabalho com o original.
 


A série “Musstewissen Deutsch” também faz referência, nos seus vídeos, ao movimento “Sturm und Drang” (Tempestade e Ímpeto) como sendo “a puberdade da literatura alemã”, ao seu contexto político e cultural. Com base nestes conhecimentos, pode-se desenvolver diversas atividades CLIL (content and language integrated learning), inclusive como team-teaching bilingue. Trabalhar com telégrafos óticos, experiências galvânicas, litografias e máquinas a vapor pode fazer com que os “highlights” do “tempo de Werther” adquiram visibilidade duradoura.
 


Os alunos acham a linguagem de Werther, principalmente, “empolada”. Para facilitar a compreensão – e inclusive reduzir a complexidade – pode-se trabalhar com visualizações. Por exemplo, no contexto de contatos de Werther com a natureza, onde se espelha seu estado de alma (primavera  -  outono). Procurar imagens adequadas (mais adequado ainda se houver uma relação regional), a utilização de vídeos e fotos próprios, a produção de figuras ou colagens, pode preparar para a leitura e auxiliá-la.

Importante salientar que a seleção das imagens sempre deve ser justificada – para ampliar e fixar vocabulário, para treinar argumentação.
 
Também pode ser feita uma interpretação musical dos sentimentos e disposição mental de Werther, de preferência num discurso interdisciplinar entre professores. Vídeos do YouTube são uma fonte inesgotável neste ponto.
 
Lendo em voz alta, interpretando, também se pode encontrar uma conexão com o estilo e a função da linguagem de Werther.

Werther in temáticas atuais

Cartas selecionadas, (passagens), podem ser utilizadas como impulso para numerosas atividades que preparam, simplificam e aprofundam a compreensão. Só para mencionar algumas das temáticas:
  • Temática da “autenticidade”: Já o “Prefácio” interliga a questão do significado da informação com a questão da autenticidade – ou a ficção da autenticidade – do texto. Servirá a ficção para produzir uma atenção maior (“Werther” e “Ossian” são ficcionais)? O que exatamente significa “autêntico”? Por que algo seria interessante principalmente por sua autenticidade? Atualizando-se: Qual o sentido da produção e do efeito de “fake news”?
  • Temática da “viagem”: Conforme diz a frase: “Fui dar uma volta”, muita gente hoje em dia viaja. Por que viajava Werther? De onde vem a vontade de ir para longe, a ânsia do desconhecido – e em contrapartida – a saudade do que é próximo e familiar?
  • Temática do “sofrimento com e dentro da sociedade”: Werther constata que teve um aborrecimento que fará com que se afaste. Trata-se de uma experiência de exclusão. Ainda é possível, hoje em dia, cair em “más companhias”, ser excluído das “boas companhias”? Como funcionam hoje em dia a exclusão e a inclusão social? Palavra chave: a “doença mortal” – Justamente em tempos de uma disseminação enormemente acelerada de informações nas redes sociais, blogs, fóruns, coloca-se a pergunta: Como reagir quando se lê sobre um jovem que “quer enfiar uma bala na cabeça!” Exemplos do cotidiano e da cultura pop são conhecidos, fazem carreira (“Club 27”), Amy Winehouse: They tried to make me go to rehab but I said “No, no, no!” Um romance muito conhecido entre jovens, especialmente como série de tv é : “Meninas mortas não mentem” (“13 reasons why”). Tanto o texto como a série receberam muitos elogios, mas também enfrentaram muita rejeição. Há um amplo consenso de que temas como mobbing, violência, assédio sexual, estupro e por fim suicídio podem ser trabalhados com sensibilidade (tema: efeito Werther), mas não podem ser transformados em tabu. Podemos nos fechar ao trabalho com o tema, se ele é onipresente, e, no caso do “Werther”, faz parte do currículo da escola?
Para encerrar, o texto pode ser continuado, numa perspectiva atual: Werther e Lotte teriam se encontrado, nestes tempos de Tinder? (“Is a match a match?”)? O que teria sido deles? “Os sofrimentos do jovem Werther”, de uma maneira ou de outra, poderia ser uma leitura motivadora. E talvez fosse possível, até mesmo, se tornar “mui grande amigo” desse clássico da literatura mundial.
 

Fontes e literatura

Goethe (Kommentare zu Christoph Friedrich Nicolai: Freuden des jungen Werthers; 1775):

Goethe: Die Leiden des jungen Werthers. Reihe: Klassiker trifft Comic. Interesse wecken, Zugang erleichtern, Originaltext lesen; Klett

Franziska Walther & J. W. v. Goethe: Werther Reloaded. Klassiker neu erzählt, Verlag Kunstanstifter Mannheim 2016