Editorial  Especiais: “Pertencimento” —
Sobre esta edição

Quais são hoje os significados do pertencimento e da identidade cultural? Quais questões e discursos marcam o debate em torno desses conceitos na Europa e na América do Sul?

Pertencer é uma necessidade básica do ser humano – seja a um grupo de amigos ou a um Estado-nação. Os pertencimentos podem ser atribuídos por outros a uma pessoa mesmo contra sua própria vontade. E podem, quando escolhidos voluntariamente, ser uma forma de angariar visibilidade, reconhecimento e representatividade para um grupo específico. O pertencimento é, portanto, estável e frágil ao mesmo tempo, atrelado a processos contínuos de inclusão e exclusão. E ele é, como aborda esta edição da Revista Humboldt, por vezes intensamente discutido e contestado.

A contestação se dá sobretudo quando narrativas distintas de pertencimento e ambições concorrentes entram em choque. Ao mesmo tempo, demandas justificadas de representação levam a categorizações cada vez mais refinadas, que acabam por reduzir as pessoas em função de fatores como cor da pele, gênero ou etnia. Do outro lado, permanece a utopia universalizante de superar as categorias que separam e dividem os seres humanos. A questão da identidade nacional, por exemplo, não seria um conceito do século 19, que havia sido finalmente descreditado em função do que ocorreu na primeira metade do século 20? Mesmo assim, a demanda pelo pertencimento a identidades nacionais ou muitas vezes apenas locais parece não pertencer de forma alguma ao passado. Tal demanda, diga-se de passagem, vem sendo com frequência politicamente instrumentalizada.

Autoras e autores convidados para esta edição da Revista Humboldt refletem sobre questões relacionadas ao pertencimento em diversos aspectos da sociedade – seja este pertencimento resultado de atribuições recebidas de terceiros ou determinado pelas próprias pessoas envolvidas. Como o pertencimento se torna evidente nas artes, entre elas no cinema e na música? Como pertencimentos sociais se manifestam em decisões urbanísticas, como por exemplo nas cisões entre ricos e pobres, e como uma arquitetura eficaz pode se opor a isso? Como as convenções linguísticas trazem à tona desequilíbrios sociais, fazendo com que uma linguagem inclusiva leve a uma sociedade de maior inclusão? Em primeiro plano, procuramos apontar semelhanças e diferenças entre a América do Sul e a Alemanha no contexto de tais reflexões.


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